Passei meus últimos dias pensando qual seria o tema do meu primeiro post no inicio dessa colaboração com o blog Viajando Bem. Mas foi na Sexta-feira, saindo de um teatro no West End londrino e em uma bonita e agradável noite aqui em Londres, que fiz a minha escolha.

A Fantástica Fábrica de Chocolate é um livro publicado em 1964 pelo escritor galês Roald Dahl, mas ficou mais conhecido após o lançamento da primeira versão do filme em 1971. Muitos anos depois, em 2005, surgiu o novo filme dirigido por Tim Burton e estrelado por Johnny Deep no papel de Willy Wonka e foi um sucesso de bilheteria.

Essa história sempre me encantou, um drama sobre o pequeno Charlie Bucket, um garoto que mora com os pais e quatro avós num casebre, mas que mesmo assim mantém a esperança de uma vida melhor. A casa de Charlie fica ao lado da maior fábrica de chocolates do mundo que é comandada pelo excêntrico Willy Wonka, que por medo de espionagem industrial decidiu despedir todos os seus trabalhadores e anunciar que ele estava saindo do negócio para sempre, mas os chocolates continuavam a ser vendidos. O grande sonho do pequeno Charlie é conhecer Willy Wonka e A Fantástica Fábrica de Chocolate e ele ganha esta chance quando o excêntrico Wonka decide promover um concurso mundial, e permitir que cinco crianças, as que encontrarem os tickets dourados escondidos nas barras de chocolate, possam conhecer a misteriosa, mágica e Fantástica Fábrica de Chocolate. Charlie é o último a encontrar o bilhete dourado.

Em Março desse ano, enquanto esperava um ônibus para ir à escola, vi aquelas publicidades que ficam estampadas nas paradas de ônibus. Ali estava a propaganda de estréia de um novo musical durante o verão: Charlie and the Chocolate Factory. Passei algum tempo pensando nas coisas em que teria que abdicar para comprar o ticket para ir a este musical, ja que viriam as férias na Espanha, as visitas vindas do Brasil e sempre é preciso fazer escolhas.

Dia 12 de setembro foi meu aniversário e quando acordei, recebi da minha melhor amiga Flor, um dos presentes mais esperados nesse ano. Um ticket para assistir ao Musical que eu tanto queria. A data: 4 de outubro. Parecia que eu tinha ganhado o bilhete dourado para entrar naquela Fábrica, e na Sexta-feira pela noite foi exatamente assim que eu me senti.

O Theatre Royal Drury Lane, o teatro aonde se pode assistir ao musical, por si só já um espetáculo, pois é o teatro mais antigo dos cenários ingleses e ainda segue aberto e em operação. Ao subir as escadarias você vai se deparando com obras de arte nas paredes, e lá dentro, se pode ter a noção do motivo pelo qual era chamado Teatro Real há 350 anos atrás.

O agito das bancas vendendo produtos Wonka logo na entrada e a quantidade de crianças entusiasmadas com o espetáculo é algo que te faz pensar o quanto deve ser maravilhoso ser criança por aqui. A possibilidade de viver tudo isso nos museus aonde você pode ver as obras de arte mais importantes do mundo ali na sua frente, e os espetáculos teatrais, aquilo que você ouve nos contos de fadas e vê nos filmes, estão ali ao seu alcance. É claro que eu não pude deixar de pegar a minha barra de chocolate Wonka e preparar-me para o que eu iria assistir.

Quando as cortinas se abrem, o visual já é impressionante. O pequeno Charlie em um “lixão” buscando coisas para seus avós, enquanto um carrinho de chocolates é conduzido por uma senhora que grita “Chocolateeeeee”. O cenário é de tristeza e pobreza enquanto a única coisa que brilha é o carro de chocolates. O cenário se move rapidamente e Charlie entra em sua casa, com os quatro avós deitados em duas camas (uma de frente para a outra, e ambas surgem de um buraco vindo do chão) e ele entregando os presentes que havia encontrado. Os atores que interpretam os avós são divertidíssimos e arrancam gargalhadas da platéia.

A maioria das cenas da primeira parte do espetáculo (dividido em duas, mais ou menos 1h15 cada uma) se passa dentro da casa de Charlie, incluindo o dia do seu aniversário e as cenas brilhantes das crianças ganhadoras do bilhete dourado. Uma espécie de televisão real aparece ao fundo, com a imagem do apresentador que lê o noticiário e entra ao vivo com a apresentadora entrevistando cada um dos personagens. Quando a luz da televisão se acende, os personagens reais interpretam tudo, de dentro. É uma mistura de sons e luzes com personagens reais, até o momento em que Charlie encontra o último ticket e o cenário fica completamente cheio de personagens, já que os jornalistas invadem a casa de Charlie. É impossível focar o olhar em somente uma das cenas. A primeira parte termina após a aparição de Willy Wonka para fora da Fábrica de Chocolates, recepcionando todos os ganhadores do concurso. Todos entram na fábrica. A porta se fecha, assim como o portão dourado com a inicial W.

A segunzda parte, dentro da Fábrica é incrível e cheia de efeitos visuais. Primeiro, todos estão na Sala do Chocolate e o primeiro participante é eliminado – o gordinho alemão Augustus Gloop cai em um lago de chocolate e entra por um tubo – e é quando aparecem pela primeira vez os ajudantes Oompa-Loompa. Violet Beauregarde é a segunda a ser eliminada, em uma sala de invenções, após provar um chiclete diferente com diversos sabores, ela acaba inflando tanto que vira uma bola e explode no ar. Ao percorrer pela fábrica, entram em uma das salas, a chamada sala das “nozes” com os esquilos roedores de nozes (e a mimada Veruca Salt dança e briga com esquilos gigantes). Depois de percorrer um caminho em barco, é a vez do pequeno maníaco por videogames Mike Teavee acabar entrando dentro de televisões. Cada cena destas, é uma música cantada e interpretada pelos Oompa-Loompas.

O grande vencedor, como era de se esperar é o pequeno Charlie, que será o sucessor de Willy Wonka. Fiquei muito tempo pensando em como eles fariam para demonstrar a cena de Wonka e Charlie no elevador da fábrica, quando ele voa por cima da cidade e as estrelas são vistas ao fundo. Só posso dizer que, mais uma vez, fui surpreendida. As luzes se apagaram, e as estrelas se espalharam por todas as partes. O elevador iluminado de azul começou a subir e voar em direção à platéia sob a famosa trilha sonora do filme “Pure Imagination”. Foi de arrepiar.

Uma das coisas que mais me atrai em Londres é isso. O acesso ao que há de melhor em arte e cultura, em entretenimento e diversão, em moda ou tecnologia. A possibilidade (ainda que nem sempre seja acessivel devido ao preço) de ver aquelas coisas que somente são possíveis nos nossos sonhos. Minha história infantil preferida desde pequena foi Mary Poppins, e foi dela que me lembrei na primeira vez em que olhei para o Big Ben.

Londres é muito mais do que a gente vê nas famosas fotografias do Big Ben, London Eye, Tower Bridge, London Tower. Londres carrega muito mais do que as histórias pesadas do Incêndio que destruiu grande parte da cidade, da Peste Negra e das Guerras Mundiais. Londres são todas as lojas e o último em moda e tecnologia, são os museus gratuitos e os mercados de rua. Londres é essa Londres que descobrimos enquanto caminhamos por ai e que nos surpreende em cada esquina. É uma cidade de conto de fadas, aonde nossos pequenos sonhos se tornam reais.

Você pode adquirir os ingressos com antecedência na página do espetáculo ou em páginas de desconto como Last Minute ou Wowcher. Além disso, os ingressos podem ser adquiridos aqui em Londres, em diversas bancas que vendem entradas para musicais, localizadas na Oxford Circus, Piccadilly Circus e West End, além da bilheteria do teatro. O espetáculo vai até 2014.

Escrito por: Roberta Weber Calabró
Fotos: Divulgação/Reprodução