Aposto que já aconteceu com você: chegar num destino e sentir um “ar” de simulacro no ar. Dar de cara com uma situação claramente forjada para ser atrativo exclusivamente para turistas, baseada na “fama” do lugar. Alguns exemplos: os americanos que lotam Havana anualmente no verão em busca do clima “caribenho decadente Buena Vista Social Club”, as baianas vendendo acarajé vestidas de branco na Bahia, os casais dançando tango no Caminito (Buenos Aires)… Pegou a ideia?
Para todos os meus clientes dos roteiros personalizados, sempre batemos na mesma tecla: fuja destas roubadas “pra turista ver” e busque turismo autêntico – mesmo que isso indique caminhar mais ou até se perder no seu destino. Recomendamos também que sempre procurem comer longe dos pontos turísticos e fugir das experiências de “turismo caricato”, como a que vivi em Berlim: guardas vestidos como os antigos guardas da Alemanha Oriental e vendendo o carimbo da antiga RDA (a sigla da Alemanha Oriental) que eles carimbavam no passaporte das pessoas.
Vivi também experiência semelhante quando estive em Woodstock, nos Estados Unidos. A cidade, famosa pelo festival de música que aconteceu em 1969, é considerada um destino de viagem hippie e reduto de artistas americanos. Num domingo, dando uma caminhada pela cidadezinha, dei de cara com um flea market rolando num parque – bora visitá-lo! Para minha decepção, não vi um só item que fosse REALMENTE antigo. Tudo estava ali só pra atrair turistas que, orgulhosos, podem dizer: “comprei este anel num flea market em Woodstock”.
A lista vai longe e desanima quem trabalha com turismo e leva este trabalho muito a sério, como nós. Pra gente, turismo não é sucatear as cidades ou transformá-las em meros simulacros do que as pessoas acreditam que elas são. Lisboa é muito mais do que pastéis de Belém, sardinha ou queijos da Serra. Buenos Aires é infinitamente mais interessante do que os casais dançando tango no Caminito, e assim por diante. Por isso, pra nós, é importante que possamos ter em mente um turismo mais slow, menos agressivo, com muito mais curtição dos costumes locais e também das pessoas que residem nestes destinos fantásticos.
O slow travel pode ser definido como a oportunidade do visitante em se tornar parte integrante do destino, entrando em contato com a população e com o território, num ritmo adequado à apreensão da cultura local, sem invasões de bárbaros e consumismo desenfreado.
Este movimento silencioso contraria o estilo de turismo que se afirmou no século passado: a correria, os all-inclusive, as excursões programadas com horários rígidos e excursões, etc. O slow travel valoriza a estada prolongada, com tempo suficiente para ir mais além do que o “tem que ver”. Claro que não desmerecemos quem presta este tipo de serviço ou quem prefere viajar assim – respeitamos e muito este mercado e as escolhas de cada um. Mas nossa percepção é diferente.
Gostamos de entrar em contato com a verdadeira experiência local de cada destino, de pequena dimensão, indo ao armazém da esquina, incentivando os pequenos comerciantes, além de visitar aquela pequena igreja ou restaurante que não constam dos guias, ou seja, explorar, descobrir, usufruir. Estes são os princípios do slow travel. E esse é o foco do nosso trabalho que, ao nosso ver, é mais do que um conceito – é um modo de viver. Desacelerar, sair do lugar-comum e viver uma experiência mais rica e, ao mesmo tempo, profunda… Isso é o que nos move e nos faz amar cada dia mais trabalhar com turismo e roteiros personalizados.
Rogério Milani e Manuela Colla
Rogerio, tudo bom? VI um relato de uma viagem para Europa que voce deu consultoria, (no caso era Paris, Londres e Amsterdam), voce presta esse serviço? quero fazer uma viagem similar e gostaria de saber valores.
Obrigado,