Como uma boa fã de cultura pop e rock n’roll, fiz um roteiro para achar as icônicas capas de disco em Nova York e visitei alguns pontos que viraram capa de disco de minhas bandas favoritas. Vem ver e programe seu giro por lá!

Essa parece a capa do disco do The Doors, mas é só uma loja bacana do SoHo que fez uma reprodução da fachada que virou capa de LP em Los Angeles

Roteiro para achar as icônicas capas de disco em Nova York

Todo mundo sabe que Nova York é uma cidade que foi (e ainda é) palco de muitas bandas, artistas e manifestações culturais incríveis – e a verdade é que sempre foi assim. Ao longo de muitas décadas (mas especialmente dos anos 60 pra cá) muitas bandas de rock nasceram ali e outras tantas adoram a cidade, gravaram discos nos icônicos estúdios espalhados por Manhattan e resolveram eternizar suas capas de disco em locações que até hoje são pontos turísticos pra quem ama rock. Conheci alguns destes lugares e resolvi mostrar pra vocês, bora lá:

Ramones – Rocket to Russia (1977)

Roberta Bayley, fotógrafa do primeiro fanzine punk da cidade, conseguiu o que muita gente tinha tentado: uma foto decente dos Ramones. O cartunista e escritor John Holmstrom, cujo trabalho aparece em vários álbuns da banda, diz que o primeiro obstáculo foi reunir os quatro roqueiros em um só lugar ao mesmo tempo, além de fazê-los posar como se estivessem bravos na frente de uma parede pichada bem perto do antigo clube CBGB’s (Bowery, 315). O icônico clube hoje já não existe mais e deu lugar a uma loja do estilista John Varvatos, que vende suas criações e também alguns discos em vinil. Não se preocupe se só quiser entrar pra tirar fotos: os vendedores são acostumados aos turistas deslumbrados com a loja super estilosa e cartazes originais do clube nas paredes – visita obrigatória pros fãs de rock dos anos 60, 70 e 80! Atrás da loja, no final do Extra Place, há um pequeno beco que segue para o norte da East 1st Street, entre a Bowery e a Second Avenue, onde foi tirada a foto da capa do disco dos Ramones. Eu tirei essa foto em 2006 – o beco atrás do CBGB’s foi completamente limpo agora e há lojas chiques ali, mas a parede de tijolos segue firme e forte!

Led Zeppelin – Physical Grafitti (1975)

Um dos meus discos favoritos é o “Physical Graffiti” do Led Zeppelin, que tem na capa uma histórica foto de dois prédios de apartamentos – claro que eu iria fotografar já na minha primeira ida à NYC. Os prédios ficam na altura 96-98 da St. Mark’s Place, East Village, em Manhattan. Para conseguir encaixar a foto no formato da capa do vinil, o designer Peter Corriston (de NY) teve que cortar fora um dos andares (são cinco e ele eliminou o quarto andar). Na capa principal, os prédios de dia; na contracapa, os prédios à noite. Indo até a rua se percebe que um prédio fica ao lado do outro, todos no mesmo estilo, com a mesma escada de incêndio pelo lado de fora, os mesmos cinco andares, as mesmas janelas, só muda a cor… Nessa sua, hoje em dia, você encontra estúdios de tatuagem por todo lado! Além de visitar o local, a dica é ir até o bar na esquina com a Primeira Avenida (onde há fotos das gravações do vídeo) e é possível tomar um xícara de chá num lugar super estiloso chamado de Physical Graffitea.

Neil Young – After The Gold Rush (1970)

“After The Gold Rush” foi o terceiro álbum de estúdio de Neil Young -lançado em 31 de agosto de 1970, o álbum é até hoje um dos mais famosos do cantor e um favorito entre seus fãs (e eu sou uma das mais fervorosas!) A capa do álbum tem uma foto de Young passando pela Faculdade de Direito da Universidade de Nova York, cruzando por uma idosa na esquina da West 3rd com a Sullivan Street, em Nova York. Curiosidade: o efeito parcialmente negativo lançado sobre a imagem não é necessariamente uma decisão artística do fotógrafo Joel Bernstein, que na época tinha apenas 18 anos. O jovem já havia capturado alguns ensaios com Neil Young, em torno do descolado bairro Greenwich Village mas ficou surpreso com a decisão de Young ao usar a foto, que considerava tecnicamente… duvidosa. Mas entrou pra história do rock n’ roll com certeza.

The New York Dolls – New York Dolls (1973)

Não é exagero dizer que esse foi o álbum de punk rock mais aguardado de 1973 – depois de meses de hype, os New York Dolls finalmente iam lançar seu álbum de estreia – que fez um sucesso estrondoso na época. A foto da contracapa foi tirada no bairro boêmio Greenwich Village, mais exatamente no exterior do Gem Spa, na esquina sudoeste da St. Mark’s Place e 2nd Avenue. O Gem Spa é tipo um camelódromo mas vale a visita pela vizinhança: não é exagero dizer que o Greenwich Village é o bairro mais roqueiro da cidade, e ali você encontrará brechós (o “Search and Destroy” é o meu favorito e fica na 25 Saint Marks Place), ótimos pubs e estúdios de tatuagem.

Kiss – Dressed to Kill (1975)

Diante do desafio de lançar sua terceira capa de álbum em pouco mais de um ano, em 1975, o Kiss virou-se para as ruas de sua cidade natal, Nova York, armado apenas com um conceito de baixo orçamento e alguns ternos emprestados. A fotografia tirada na esquina da 23rd Street e 8th Avenue naquele dia acabou sendo uma das imagens mais famosas já expostas no Hall of Fame do Rock and Roll e é simplesmente uma foto preto-e-branco da banda usando ternos. Quase 40 anos depois, é difícil ir a um dos shows da banda sem ver quatro amigos copiando essa capa estilosa em algum lugar da plateia.

Bob Dylan – The Freewhelin’ Bob Dylan (1963)

É uma das capas de álbuns mais reconhecíveis (e românticas) de todos os tempos, fotografada em fevereiro de 1963 na minúscula Jones Street, ao virar da esquina do apartamento de U$ 60 por mês de Dylan na 161 West Fourth Street. E ninguém tinha ideia de que a imagem escolhida como capa do segundo álbum de Dylan se tornaria tão icônica. “A foto da capa do Freewheelin ‘Bob Dylan surgiu de forma bastante casual; ela certamente não foi planejada ou produzida de qualquer forma ”, lembra Suze Rotolo, namorada de Dylan (ela, segurando o braço de Dylan) em seu livro “A Freewheelin ‘Time: A Memoir of Greenwich Village nos anos sessenta”. Se você estiver por lá no inverno, fica ainda mais legal ver a pequena rua do bairro boêmio que gerou tantos músicos folk nos anos 50 e 60!

The Doors – Strange Days (1967)

Essa foto foi tirada na altura 150-158 da East 36th Street, um pouco mais perto da região central da cidade e tornou-se icônica para os fãs do The Doors, ansiosos pelo segundo disco da banda depois do estrondoso sucesso da estreia deles. Para compensar o fato de que esta seria a única vez que os Doors não apareciam na capa do álbum – aparentemente Jim Morrison se recusou a fazê-lo – o fotógrafo Joel Brodsky tentou capturar o espírito do filme de 1954 de Federico Fellini sobre o circo, “La Strada”, capturando acrobatas e malabaristas nas ruas da cidade. De acordo com o fotógrafo, havia apenas um problema: todos os artistas de circo estavam fora da cidade no dia da sessão de fotos. A solução foi recrutar um taxista, que posou posou como o trompetista, e o assistente de Brodsky, que fingiu que podia fazer malabarismo. Mesmo os dois verdadeiros acrobatas que ele conseguiu encontrar não estavam preparados para a tarefa: “O cara embaixo só podia segurar o parceiro por alguns segundos – ele continuou a deixá-lo cair. Houve muitas discussões – demorei horas acertar mas valeu a pena no final.”

Billy Joel – Turstiles (1976)

A icônica foto foi tirada nas catracas da Estação de Metrô Astor Place (e, incrivelmente, até hoje parecem as mesmas da foto, apesar de suas modernidades). Há muito poucas estrelas do rock que têm narrado e defendido suas cidades de origem como o orgulhoso nova-iorquino Billy Joel. Nascido no Bronx, criado e ainda residente em Long Island, e agora também um residente oficial do Madison Square Garden, Joel usou uma estação de metrô no centro de Manhattan para a capa de seu álbum de 1976 “Turnstiles”. De acordo com o PopSpots NYC, o cantor retornou ao mesmo bairro uma década depois para filmar o vídeo de seu sucesso de 1986, “A Matter of Trust”.

Beastie Boys – Pauls Boutique (1989)

A foto da capa do álbum Beastie Boys para o disco Paul’s Boutique foi tirada na 99 Rivington St, no coração do Lower East Side. A capa do álbum desdobra-se para mostrar uma visão panorâmica (quase) de 360 ​​graus, compondo uma vista completa da esquina das ruas Ludlow e Rivington. O letreiro do Paul Boutique Boutique foi pendurado no prédio especificamente para a sessão de fotos da capa (mas pode ser claramente identificado como Lee’s Sportswear pela placa superior). Até o início de 2007, o prédio continha um restaurante chamado Paul’s Boutique, nomeado em homenagem ao álbum, que acabou sendo renomeado para The Three Monkeys. Hoje, virou uma loja de wraps – mas se você der alguns passos na Rivington St, encontrará um mural grafitado em homenagem aos três rappers nova-iorquinos.

Cindy Lauper – She’s So Unusual (1983)

A capa do álbum foi pré-concebida por Cyndi Lauper e as fotos foram tiradas pela lendária fotógrafa de música da Rolling Stone, Annie Liebovitz. A capa mostra Cyndi no meio de um passo de dança, descalça no calçadão de Coney Island, um dos meus lugares favoritos pra passear em NYC. O edifício em que ela está em frente é o World in Wax Musee, que já foi fechado há algum tempo. Curiosidades sobre a capa: Cyndi comprou o vestido vermelho que ela está usando no brechó em que trabalhava e as flores que ela está segurando ela comprou de um vendedor em Coney Island instantes antes, no improviso. Essa capa definiria o estilo de Cyndi como uma pessoa incomum e peculiar – aquela cantora que conhecemos quando seus videoclipes começaram a atingir a MTV.

Gostou das dicas? Tem alguma outra indicação de capa de disco capturada em Nova York? Deixa aqui nos comentários pra gente!

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