Dal mio balcone – crônicas de uma quarentena
A primeira semana
Eu tinha acabado de chegar do Brasil, cheia de energia e de saudades dos meus amigos, que hoje são minha família aqui em Roma. Tive tempo de ver dois deles, de ir em um restaurantezinho que tinha descoberto há pouco em Frascati, até que ela chegasse: a quarentena.
Como a maioria de vocês, eu não estava botando muita fé, pensava que era uma simples gripe, que o pessoal estava exagerando. Mas então se descobriu que não era uma gripezinha, que o vírus se espalha mais rapidamente e que, se você não é jovem e saudável, as suas chances de morrer são muito mais altas do que com uma gripe sazonal.
O problema número dois é que muitos doentes precisam ficar na UTI e, se um grande número de pessoas se contagia ao mesmo tempo, o sistema de saúde entra em colapso, e os médicos terão que começar a escolher quem salvar.
Foi para evitar esse cenário que o governo italiano resolveu colocar o país inteiro em quarentena, 60 milhões de pessoas, inclusive eu.
A gente nunca imagina que irá passar por uma situação como essa. Eu já tinha meu escritório em casa, então já estava psicologicamente mais preparada.
Com certeza sou privilegiada também por morar em um apartamento grande, ensolarado, com uma sacada grande e uma linda hortinha.
Transformei um dos quartos em uma pequena academia. Obviamente, o cenário não é nada parecido com o dos filmes americanos onde todos estão morrendo e falta tudo, é cada um por si. Não, por aqui as pessoas estão se mostrando mais solidárias do que eu pudesse imaginar. Todos em casa por um bem comum. O COVID 19 é um vírus que não afeta uma pessoa, mas a comunidade, o coletivo. Se faz necessário a consciência de todos, é um “ninguém larga a mão de ninguém” metafórico.
Podemos sair de casa somente para ir ao supermercado, farmácia, hospital ou, para quem não consegue trabalhar de casa, ir até o local de trabalho. Mesmo assim, temos que levar um certificado para explicar o porquê da saída, temos que manter a distância de no mínimo um metro das outras pessoas, nos supermercados fazemos fila (onde conversamos com estranhos e enfrentamos tudo com bom humor) para entrar só alguns por vez e evitar aglomeração.
Não está faltando nada nos supermercados, o abastecimento está normal. Dá também para levar os cachorrinhos para fazer as necessidades na rua.
É estranho não poder abraçar as pessoas, ter que se afastar se alguém está chegando perto demais, mas, em compensação, as ruas estão silenciosas, os pássaros cantam, a primavera chega.
Todos os dias às 18 horas, vamos para a sacada e começamos a cantar, agora eu sei quem são os meus vizinhos. A gente inventa receita nova, faz chamadas de vídeo com os amigos, happy hour virtual, aproveita para estar mais em família e ouve o som do silêncio. Fazemos memes para deixar a situação menos dramática e apoiamos virtualmente os amigos que não estão encarando tão bem a situação.
Pode ser que eu seja uma grande otimista, mas eu vejo muitas vantagens nesta quarentena: estamos mais unidos, solidários, gentis, com senso de comunidade.
E, quando tudo isso acabar, vamos ter aprendido a dar mais valor para os pequenos prazeres da vida, como abraçar quem se ama, comer uma pizza com os amigos, ir ao estádio ver o nosso time jogar, tomar um banho de mar, ir na casa dos nossos pais para o almoço do domingo.
Dal mio balcone eu vejo tudo isso, dal mio balcone eu vejo esperança e humanidade.
Nos vídeos abaixo, vejam imagens “dal mio balcone”, da minha sacada! No primeiro, a vizinhança cantando nas sacadas e no segundo vizinhos correndo no pátio do prédio!
Texto escrito por Roberta Freitas Jesien, da Matrimoning e nossa super parceira! Vive em Roma há 10 anos!
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É muito triste esta situação mas vai passar logo, estou no Brasil e agora está chegando aqui, não sabemos como será! Hoje teve a primeira morte com o COVID 19 em São Paulo. Parabéns Roberta pelo texto!! Beijos e que Deus abençoe o mundo!
lindo texto Roberta. que mostra como temos que valorizar as pequenas coisas cotidianas de nossas vidas…as quais só valorizamos quando não as temos.